Eu estava lá voltando para casa e te vi num muro branco, grande, que circundava uma casa antiga. Era você no olhar perdido daquele menino que dançava e esmolava na rua. E o sol não saía há dias, e agora seu sorriso iluminava a cidade num branco refletido de nuvens. Imaginei um campo aberto, um gramado, uma casa pequena e perdida n’algum canto de mundo. Poderia ser feia e velha, mas construiríamos nosso destino ali. Eu, você, sem ninguém que pudesse nos abalar, deixando fora das cercas brancas de madeira todos os malefícios, todas as chagas desse amor derrotado pelo cansaço. Um amor sem precedentes, sem concorrentes. Acordar-te-ia todos os dias com um beijo na testa e te levaria bananas, maças e laranjas, todas cortadas e ornamentadas de forma simples. Correríamos pelo campo verde atrás de borboletas, cataríamos passarinhos de asas quebradas e os faríamos alcançar vôo novamente, subiríamos nas arvores e no galho mais alto escreveria teu nome envolto de um coração, e a seiva marcaria teu nome pleno e belo naquele galho perpétuo. Amar-te seria eternamente minha rotina, da qual idolatraria.
Mas meus erros do passado te levam de mim, e a cada passo que dou em tua busca, te afasta de mim mais de cem léguas. Nossas vidas seguem juntas num barco sem vela, desnorteado e vazio, e nas águas enfurecidas desse mar se jogaram minhas lembranças. Agora vagueamos juntos nesse barco, porém afastados um do outro. E flutuamos sobre a mais bela história de amor. Saio de manhã em busca de ti pelo barco, sinto teu cheiro trazido pela maré, vejo tuas marcas no chão de madeira úmido, te sinto próximo, mas nunca o vejo. Se esconderes e foges dos meus olhos perdidos.
Você, que guarda nos olhos fundos,
Toda a dor, a dor de todo o mundo
Venha socorrer teu amor
Que padece de saudade
Que perece sem você
Não deixe sucumbir de amor
O teu amor, que só lhe quer bem
E que esvaneceria em um abraço
E viraria estrelas dentro em um beijo seu
amigo, gosto muito da idéia de usar 3 textos em 1 só. Os três se completam e ficaram ótimos, mas usar muitas intertextualidades é meio perigoso.
ResponderExcluirMuito bacana o texto, Daniel.
ResponderExcluirE muito obrigado pelo título.
É muito bom ver outras pessoas se identificando com coisas que a gente faz sem essa pretensão.
Tô com um blog também agora!
carcaracas.blogspot.com
Abração!