Eu tenho fome, Saudade. Fome de presença. Tanta fome que quero absorvê-la em mim, e isso é preciso, é urgente... Eu era dela pra toda eternidade, e olha que nem havia tempo, os ponteiros, e tudo, parava para ela passar, mas agora é o tempo que passa. Passa, passa... e ele passa tão veloz... Sem amor tudo é falso, saudade. E eu saio atrás de cores. De azul, de sol amarelo, de sonhos, de palavras, de carinho, de qualquer coisa boba ou em preto e branco que me remeta à ela... mas é tudo falso, de papel. E tudo aconteceu tão rápido, sem adeus. Tanto tempo de amor se vai, Saudade, como se fosse ar... Tem horas que dá vontade de ser de pelúcia igual a você. Ter um sorriso desenhado no rosto para sempre. Ser todo socado de algodão. Ser completado por algo sempre, e nunca ficar essa sensação de vazio. E ser vazio dói tanto, Saudade. Ele está lá, cheio, lotado, entupido do mais puro nada. Você busca algo que lhe sufoca e não há nada! É tudo numa nostalgia, sem um restinho que seja de alegria. (...) Era, Saudade...
(Trecho de uma peça ainda sem nome. Daniel Bandeira)
(Trecho de uma peça ainda sem nome. Daniel Bandeira)
se esse trecho isolado já causa um estrago grande imagine a peça inteira. Ancioso por esse seu projeto.
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