1.5.08

Era, Saudade...

Eu tenho fome, Saudade. Fome de presença. Tanta fome que quero absorvê-la em mim, e isso é preciso, é urgente... Eu era dela pra toda eternidade, e olha que nem havia tempo, os ponteiros, e tudo, parava para ela passar, mas agora é o tempo que passa. Passa, passa... e ele passa tão veloz... Sem amor tudo é falso, saudade. E eu saio atrás de cores. De azul, de sol amarelo, de sonhos, de palavras, de carinho, de qualquer coisa boba ou em preto e branco que me remeta à ela... mas é tudo falso, de papel. E tudo aconteceu tão rápido, sem adeus. Tanto tempo de amor se vai, Saudade, como se fosse ar... Tem horas que dá vontade de ser de pelúcia igual a você. Ter um sorriso desenhado no rosto para sempre. Ser todo socado de algodão. Ser completado por algo sempre, e nunca ficar essa sensação de vazio. E ser vazio dói tanto, Saudade. Ele está lá, cheio, lotado, entupido do mais puro nada. Você busca algo que lhe sufoca e não há nada! É tudo numa nostalgia, sem um restinho que seja de alegria. (...) Era, Saudade...

(Trecho de uma peça ainda sem nome. Daniel Bandeira)

Um comentário:

  1. se esse trecho isolado já causa um estrago grande imagine a peça inteira. Ancioso por esse seu projeto.
    =*

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