27.4.11

Nothing gonna change my world

A falta que eu sinto será que é sua ou minha? A saudade que se instaura é por você em si quanto pessoa e matéria ou é pelo o que eu sonhei existir e que se desfez antes mesmo de se tornar real? A distância sempre foi nosso elo, o que nos tornou comunhão e construiu um sentimento de julgo puro e belo. Talvez por isso que, ao nos aproximarmos, nos sentimos vazios daquilo que acreditávamos ser o nosso amor. De fato – talvez, quem poderá ter certeza? – aquele era o nosso amor, tão forte e avassalador quanto qualquer outro tema de romance corrosivo. Depois de incontáveis meses erguendo, tijolo por tijolo, um objeto de desejo sublime, me foi estilhaçado o presente diante do universo futuro.
Tua presença, teu corpo em disputa com o meu, teu ar que era meu ar e meu cheiro que era teu cheiro, um espaço único onde nossos seres não conseguiram crescer e se tornar carne da mesma carne, alma da mesma alma. A vida egoísta de nosso cotidiano burguês que se entranhou num músculo pequeno, porem vital: o coração. Batimentos em disritmia, dissonância. O que restará do amor quando lembrarmos que não somos sozinhos? Sua vida posta sob o microscópio colocou em evidencia genes incompatíveis, e quem poderá ir de encontro com a física dos fatos? O amor. Ele poderia ganhar a batalha e imunizar todos os vírus malignos atravancados entre nós. Contudo, você teve imunidade baixa, não quis aceitar este remédio. Você foi pouco para o amor que construímos. E ele não permite vacilos, ele condena os perdedores na solidão. O pior dos fatos, porém, é que os fracos do amor quase nunca percebem sua força arrebatadora. A solidão que condena os fracos acaba por se abater no outro lado, fica de herança para os fortes. O amor tem uma justiça injusta: debita a tristeza no peito de quem pode suportá-la, por mais que isso vá doer, mas ele sabe que não matará. Restou-me, então, a solidão, a tristeza e também a força. Não lamentarei a dor em detrimento do que sei que me fortalece. Concordar com essa lógica injusta, porém justa, do amor é ao mesmo tempo minha salvação e única escolha. Não me resta mais nada a não ser concordar que o destino dos que sentem é desilusão perante o mundo dos maquínicos, que desprezam de suas veias o que pode chegar ao centro bombeador do corpo e desvanecer a compreensão de ser autônomo e indestrutível. Amar jamais será um gesto solitário. Você jamais será um ser solitário. Sua petulância de acreditar superioridade diante de um sentimento tão forte condenou-nos àquilo que sempre foi nossa única solução: a distancia.

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