2.9.12

Parecia baunilha, mas era só você


Como arrumar a sala
Se na gaveta ainda tem um bilhete seu
“o arroz acabou, mas nunca meu amor”
A poeira se acumulando sobre um dvd
Agora sou eu Carmem Maura,
Traída, uma mulher a beira de um ataque
Nervos: se confundem com a bagunça do armário
E aqueles planos, todos, estão empilhados
Esperando a dor passar para só então eu perceber
Que não passavam de clichê barato
Desde aquele dia eu estou aqui
Parado na mesma posição de quando descobri
As verdades que não estavam em suas mentiras
A louça do jantar e as estantes de estar
Tudo espera o dia de limpeza
Roupas, quartos, pias e cabeça
Quanta sujeira ficou
Depois que você confessou
Que amor é uma conveniência de momento
Percebi, então, que em 5 minutos
O amor pode ser só uma palavra
E suas desculpas, agora, são também
Só fonemas mal soletrados
Numa voz que não treme
Num olhar que não brilha
Numa cara que não esconde
As ranhuras de ter sido 
Nada mais que um toco de pau

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