18.1.09

Soneto em descaso

Meu atalho segue reto por entre a mata

Se enlaça nos galhos e se perde

Correndo sempre para chegar atrasado

Perdendo à partir da largada

Que corrói é minha ânsia

Um coração de pedra

Cada pulsar é um tremor

Dum grão de areia nasceu meu amor

Cresce do grão a mangueira

Forço o grão a já ser o que será

[Ele não o é]

Baleia na rede o meu sono inquieto

Minha aflição é meu pensar

Eu não o consigo

Pulsa, pulsa, coração

Faça abalar o mundo

Que a mim não resta estrutura

Escultura do amar

Segue gesso

Encara a verdade, me faça chorar

Um tapa, porque de carinho já apanhei

Meu riso é pálido

Leonardo me pintaria, mas meus olhos voariam

Olhar pra trás me consome mais que escrever

Por isso essas linhas são supérfluas

Elas não me matarão

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