3.11.10

Uma presença

A verdade é que o apartamento ficou estranhamente obscuro depois que você foi embora. É como se sua presença me protegesse de qualquer medo. Sua ausência ampliou os cômodos: agora tudo é grande e deserto. Na noite que você partiu eu deitei submerso nesta escuridão fria e me senti uma criança apavorada. O barulho da rua me deixou inquieto. Ouvi passos na escada externa e pequenos ruídos no assoalho de madeira. O auge desse meu surto patético foi o vento batendo na janela, provocando um trovão vitral. Não passou de um simples barulho, mas meu corpo trêmulo que pulou da cama o fez se tornar gigante. Tudo me amedrontava. Você me deixou assim, vulnerável. Ter você aqui me deu a segurança de que não há maldade no mundo, não há o que temer. Estar em teus braços era a certeza de um lugar para descansar a alma. Saber que teu corpo habitava este lugar me tranqüilizava. É difícil dormir em tantos medos. Eu te quero aqui, nos meus braços. Meu descanso.

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