11.7.12

Menininho


Que quando você voltar seja o mesmo menino tímido e medroso que conheci. Que mostre seus dentes brancos, protetores de sua beleza. Sorriso que esbanja minha dor e tua alegria. Volte a mostrar o caminho para eu me perder. Eu te amo, meu pequeno, eu te amo como qualquer ser que nasce para amar seu destino. Rompe-se o espaço, vem pra mim, que o tempo já passou. Ele te arranhou, ele me mordeu, mas nosso amor perpetua-se imaculado sob nossos olhares. Dou-te todo o meu ser para que se possa arrombar as portas em busca do que é teu: meu amor. Explode-me na entrada, não quero ter que lhe ver ir embora de novo. E pior que a dor de quem é deixado, é a dor de quem deixa. Eu não suportaria perceber que não te terei sob nos meus braços para sempre.
Mas como acreditar nesse amor que já nos maltratou tanto? Meu peito pulsa fraco, cansou de soluçar. Como te amar sem morrer um pouco mais? E como viver e deixar de te amar? Mas diria que estive bem até demais, consegui sobreviver durante longos meses. Eu poderia continuar sem você o resto da vida, mas eu não quero. Anseio seu abraço, nosso calor em unção. Estranha-me conhecer meus limites, as linhas da mão que acabam assim como minha própria mão, meu suor que escorre sobre minha própria pele; como pesa ser dono de um corpo e tê-lo só pra si.
Hoje sinto que te perdi mais do que qualquer outro dia. Reparei que não abitas mais nosso lar. Aquilo ficou para trás, junto com as paredes que tanto ouviram nossos segredos, nossos sonhos, nossos gemidos. É imperdoável que ela se perca nas mãos de alguém que jamais saberá que ali já fora o teto do nosso amor. E quando passo por aquelas grades parece que há uma voz a chamar pela porta, ou será um assovio que vem cantar dentro de mim? Meu corpo toma-se por fervor. Mas onde andarás você agora? Na maior parte do tempo isso não me importa. Eu tenho levado minha vida jurando viver. Mas hoje já é madrugada, eu estou sozinho, sinto frio, dói a saudade e então não posso mais ignorar o que está sempre tão aparente. E foi assim que me pus na janela a admirar o saguão negro do mundo, procurando você por entre as nuvens ligeiras. Quis correr, andar pela rua sem destino, procurar algo que eu não ouvia, mas que sabia que me chamava. Mas pra onde? Que casa abriga agora o detentor de minhas esperanças?
Juramos-nos tantas coisas que hoje parecem apenas vastas lembranças. Mas elas estão aqui, meu menino, as promessas.
Juro ter te amado mais que pude.
Juro ter sido o mais sincero.
Juro ter mentido.
Juro ter tido pena.
Juro ter tido orgulho.
Juro nunca ter me decepcionado tanto por uma pessoa.
Juro ter secado minha sede em teus lábios.
Juro ter sentido cada desejo teu.
Juro ter saciado todos seus desejos.
Juro ter te matado de vontade.
Juro ter engolido cada lágrima sua, cada gota de suor, cada sapo verde e todo gozo seu.
Juro ter sido leal como um cão de guarda.
Juro ter te traído.
Juro nunca ter te magoado.
Juro ser culpado de cada momento sofrido.
Juro inocência sob qualquer acusação.
Juro, meu amor, que foi justa toda nossa vontade de viver.
Juro que minhas juras não fora em vão.
Juro que nosso amor secará nossos corações de castigo.
Juro, por tudo que há de mais sagrado, meu menino, que você, e só você, me deu calor e frio, que só você me jogou na cela e me deu a redenção.
Juro que nunca te esquecerei.
Juro que você nunca me esquecerá
Juro ter te colocado no colo sempre que chorava.
Juro ter sentido falta de carinho.
Juro ser você o culpado de todas as minhas dores.
Por fim, pequenino, juro ter te amado mais que pude, e mais além do que pude, juro que te amei como nem percebi que amei, que foi desumano o quanto nos amamos e que isso nos fará presas um do outro para sempre. Eu juro o meu amor, que é seu...

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