26.8.09

Dias cinzentos

É como se a água lavasse o cobertor da segurança. Nesses dias de chuva parece que as gotas vindas do céu diluem as fibras do cobertor da força. Desce pela espinha dorsal um frio que independe de temperatura, uma sensação que transcende os nervos. Deságua, junto com a chuva, uma melancolia tremenda em mim. Sinto saudade... Mas saudade de quê? Dentro do peito mais parece que há uma lebre correndo a duzentos quilômetros por hora, mas sem sair do lugar. Invade-me uma obsessão pelo vazio, pela solidão. Os músculos cedem ao desejo de ser inerte. Hoje acordei, mas não levantei. Os olhos abertos sobre os lençóis e a consciência que o mundo continuava a seguir, mas não conseguia erguer as asas e sentir que faço parte dele. Não faço – pelo menos em dias de chuva. Tenho um apreço pelos sons ocos, pelos sons do tambor. Lembra-me as gotas quando caem num ouvido surdo. É sentir-me banhado pela música.

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