17.11.09

O que mata de vontade

Nos ventos uivantes, é o que faz tremer

A melancolia dos que vêem o mar

E, por hora, é o próprio mar

Aquilo que sara e mata

É um canto belo de assum sem luz

O berro dos desmaternados

Em dia de sol, é a chuva

Em dia de chuva, é a chuva

E nos dias sem céu, derramam-se também as águas

O imprevisível que até junto se pode estar distante

É o sonho daqueles que não dormem

A cama de quem caminha

O despertar de quem dormia

Na miséria, aquilo que se cria no vazio

Na fortuna, aquilo que se cria no vazio

No beijo dos amantes, é o próximo instante

Um adeus para quem nunca se apresentou

É a presença de quem não está

O dia de ontem

O dia hoje

O dia de amanhã

O que se justifica mas que perde direção

Dos anseios, é o outro lado de uma mesma moeda

Tudo aquilo que pede proteção

Aquilo que não se contabiliza, mas que se conta

Um carinho pequeno de alguém grande

É quando o amor se esconde na noite escura

Os músculos que choram do frio

Mesmo feliz, é quando o sorriso seca

Essa é a saudade no peito de quem ama

Essa falta que não tem onde caber

E a solidão que só sabe doer

A saudade, que alimenta a fome

E mata de vontade

A saudade, que envaidece o medo

E mata de vontade

A saudade, que abraça o tempo

E mata de saudade...

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