Nos ventos uivantes, é o que faz tremer
A melancolia dos que vêem o mar
E, por hora, é o próprio mar
Aquilo que sara e mata
É um canto belo de assum sem luz
O berro dos desmaternados
Em dia de sol, é a chuva
Em dia de chuva, é a chuva
E nos dias sem céu, derramam-se também as águas
O imprevisível que até junto se pode estar distante
É o sonho daqueles que não dormem
A cama de quem caminha
O despertar de quem dormia
Na miséria, aquilo que se cria no vazio
Na fortuna, aquilo que se cria no vazio
No beijo dos amantes, é o próximo instante
Um adeus para quem nunca se apresentou
É a presença de quem não está
O dia de ontem
O dia hoje
O dia de amanhã
O que se justifica mas que perde direção
Dos anseios, é o outro lado de uma mesma moeda
Tudo aquilo que pede proteção
Aquilo que não se contabiliza, mas que se conta
Um carinho pequeno de alguém grande
É quando o amor se esconde na noite escura
Os músculos que choram do frio
Mesmo feliz, é quando o sorriso seca
Essa é a saudade no peito de quem ama
Essa falta que não tem onde caber
E a solidão que só sabe doer
A saudade, que alimenta a fome
E mata de vontade
A saudade, que envaidece o medo
E mata de vontade
A saudade, que abraça o tempo
E mata de saudade...
"saudade sal e dor que o vento traz"
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